Aos 17 anos saí de Tatuí. Mais do que fazer jornalismo no Mackenzie, sempre quis conhecer o mundo e eu sabia que São Paulo era só o começo. Uma cidade que me acolheu e me ensinou tanto. Poucas pessoas sentiram comigo o quanto eu sofria cada vez que partia de Tatuí para São Paulo. Quanta saudade eu senti.
Vista do apê da Jaguaribe |
Isso é Mackenzie |
2006, Copa do Mundo. Colecionando
figurinhas desesperadamente, fiz amizade com o dono da banca em frente ao
Mackenzie e sempre que ele me via, gritava:
Laura, tem brilhante aqui ó, guardei pra você! E assim completamos quase
dois álbuns da Copa. Obrigada São Paulo.
Em um outro dia eu estava
chegando de Tatuí, desci no Metrô Santa Cecília e estava chovendo muito. Vi um
menino com o pé sangrando e o irmão dele tentando levá-lo até a Santa Casa.
Peguei um táxi, coloquei os dois para dentro e os levei até o hospital. Eles
desceram, agradeceram e falei o nome da minha rua para o taxista me levar. Ele
ficou inconformado que eu coloquei dois estranhos no táxi dele e disse que eu
podia ter sido assaltada e que o coloquei em perigo. Dia seguinte encontrei os dois meninos em
frente ao Mackenzie, vendendo chocolate. Quando o menino me viu, correu e me
trouxe um Prestígio. Ele disse que eu não precisava pagar, pois era de
agradecimento por tê-lo ajudado. Hoje sei que é perigoso, mas fiz o que precisava ser feito no momento. E
obrigada por isso São Paulo.
Assim que fiz 18 anos decidi tirar carta aqui em São Paulo, mesmo sabendo que seria muito mais difícil do que em Tatuí. As aulas teóricas foram lá embaixo da Av. Angélica, depois do minhocão, e as práticas nas redondezas do Pacaembu. Fiz aula em um fox fofo, que eu chamava de Scot e eu era muito boa na baliza e na rampa de pé. E só. Não lembrava de dar seta, não sabia estacionar próximo a calçada e segundo o meu instrutor, eu não tinha noção de espaço! Raspei o Scot em um papa entulho uma vez. Que dó! Passei na prova, mas foi me arriscando em São Paulo que aprendi a dirigir de verdade.
Assim que fiz 18 anos decidi tirar carta aqui em São Paulo, mesmo sabendo que seria muito mais difícil do que em Tatuí. As aulas teóricas foram lá embaixo da Av. Angélica, depois do minhocão, e as práticas nas redondezas do Pacaembu. Fiz aula em um fox fofo, que eu chamava de Scot e eu era muito boa na baliza e na rampa de pé. E só. Não lembrava de dar seta, não sabia estacionar próximo a calçada e segundo o meu instrutor, eu não tinha noção de espaço! Raspei o Scot em um papa entulho uma vez. Que dó! Passei na prova, mas foi me arriscando em São Paulo que aprendi a dirigir de verdade.
Quando ganhei meu carro, minha
mãe me disse. “São Paulo é perigoso, não vá de carro ainda”. E é claro que eu
fui. Liguei para um amigo e ele me ensinou o caminho do Mackenzie até o meu
estágio. Fui bem e voltei errado. Dia seguinte repeti o mesmo erro, sempre
parando no mesmo posto para pedir informação. Até que na quarta vez o frentista
me deu um papel desenhado com a entrada certa da Av. Brigadeiro. Nunca mais
errei. Ah São Paulo! Obrigada.
Deixei Higienópolis quando me
formei, para começar uma vida nova. Aí veio meu primeiro emprego depois de
formada. Cheguei para a entrevista na Gomes de Carvalho, na S2, totalmente
perdida. Parei meu carro no lugar de carga e descarga, bem proibido, e o segurança
do restaurante ao lado me disse: vai e se o amarelinho chegar, aviso o porteiro
do prédio pra ele te chamar, mas não demora. Saí correndo. Ah São Paulo, obrigada.
Desbravando São Paulo |
Foi amor à primeira vista: o
lugar, as pessoas, as risadas, o aprendizado diário, a confiança no meu
trabalho e as oportunidades que me deram, fizeram de mim a profissional que sou
hoje.
E mais amigos para minha coleção paulistana. Mais do que amigos, somos
uma família e nos ajudamos todos os dias, seja na confusão do dia a dia, no
sufoco de uma dúvida, na dor de qualquer coisa. Obrigada São Paulo!
Fui morar na Av. Paulista com uma
grande e querida amiga de faculdade e foi aí que
surgiu meu maior encanto pela terra da garoa. Uma cidade que nunca para. Moro no
Nações Unidas, na Av. Paulista, 648, há quase três anos. E foi aqui que vi
tanta coisa acontecer. Vi da janela do meu apartamento as manifestações pacíficas
do passe livre (outras nem tão pacíficas assim). Vi vândalos destruírem o banco
Itaú em frente ao meu prédio e fui uma das milhares de pessoas presentes no mar
verde e amarelo que cobriu a Av. Paulista, reivindicando uma reforma no nosso
país. O Natal aqui na Paulista é lindo de morrer e vale a pena andar toda a avenida a pé só para ver a decoração. As manifestações artísticas tomam conta
de todas as esquinas com música, dança, homem estátua, grafite, teatro. Aqui
também tem amor, muitos tipos de amor. Tem gente pedindo a mão da namorada no
meio da rua, gente se beijando, se abraçando, se declarando. E quem disse
que não tem amor em São Paulo?
Até a volta meus queridos Dona Darci (copeira) e Lalau (motoboy) |
Muita gente querida no meu até logo da S2Publicom. Obrigada é pouco... |
Família S2Publicom |
Meus queridos e minha mesa |
Manifestação do Passe Livre na Paulista (aquele prédio lá do fundo é o Nações) |
Um dia achei que tinha uma pessoa
me seguindo e entrei na padaria perto de casa. O dono (que é a cara do meu pai)
me acompanhou até o portão do meu apartamento e sempre que passo pela padaria
ele fala: Quer ajuda Laura?
Ah São Paulo! Muito obrigada.
Ah São Paulo! Muito obrigada.
Jaime e Gildo são os melhores
porteiros do mundo! Um dia cheguei de madrugada de alguma festa e entrei no
prédio errado. Quando olho para o lado, vejo Gildo me resgatando, como um pai.
Gildo é daqueles porteiros que te vê chegando e corre apertar o botão do
elevador, carrega as suas compras do supermercado e como diz uma querida amiga
do Nações, só falta Gildo jogar uma flor dentro do elevador pra você. - Bom dia
Laura, tudo bem? Como você está? Tudo bem com você? Quando ele
termina de perguntar três vezes se estou bem, já estou dentro do elevador!
Certo dia de chuva, cheguei ao Nações inteira molhada. -Laura, não faça mais
isso, tomar chuva assim é perigoso e você vai acabar doente. Um guarda-chuva
custa 5 reais hoje em dia Laura!
Tchau Gildo!!! #adoroessafoto |
Há quem não goste daqui. Tem muito trânsito, isso aqui é um caos mesmo. O jeito é ter sempre boas e muitas músicas no ipod. Confesso que mesmo assim há dias em que chego em casa, tomo banho, como e vou para cama, cansada, estressada, achando tudo isso loucura demais e querendo meus cachorros perto de mim. Dia sim, dia não, tenho vontade de sumir. Às vezes quero vender pulseiras coloridas na praia ou abrir um canil no interior. Mas aqui é a cidade da oportunidade, e foi aqui que cresci e cresço cada dia mais, tanto pessoal, quanto profissionalmente. Nesses quase 10 anos, tanta coisa boa aconteceu comigo, tanta gente me acolheu e me ajudou que eu só tenho a agradecer. Mais do que sorte, sempre tive pessoas queridas ao meu lado me dando forças, assim como meu anjo da guarda me protegendo e Deus no meu coração.
Sou muito feliz e amo a minha vida. Me entreguei de corpo e alma a todas as etapas que vivi até agora, por isso sofri ao sair do
colégio, da faculdade, do estágio, do meu apartamento e agora estou sofrendo para largar tudo isso, nem que seja por 6 meses. Mas olho para frente e penso que o melhor sempre está por vir (embora muitas vezes seja
tão difícil pensar assim). E o melhor sempre veio para mim. Sou eternamente
grata às pessoas que me ajudaram desde que cheguei aqui e todas as oportunidades
que tive até agora. Pessoas que acreditaram e acreditam em mim, amigos que são
os irmãos que a vida me deu.
E vou dizendo na sequencia bem clichê, eu preciso de todos vocês!
E vou dizendo na sequencia bem clichê, eu preciso de todos vocês!
Tenho muito amor por São Paulo,
onde aprendi a considerar justa toda a forma de amor.
Parto hoje de São Paulo, rumo à Tatuí, minha cidade ternura, onde passarei um mês organizando tudo para a viagem. Em breve estarei em San Diego, na
Califórnia, vivendo a vida sob as ondas. E sinceramente, eu não sei como será minha vida daqui pra frente. Meu avô sempre me disse para eu nunca esquecer quem eu sou, pois com humildade, vamos longe.
Vô, eu não esqueci. Eu sei quem eu sou, da onde eu vim e onde eu quero chegar.
Vô, eu não esqueci. Eu sei quem eu sou, da onde eu vim e onde eu quero chegar.
Juro que me emocionei e muito!!!
ResponderExcluirSorte sorte sorte
♥
Obrigada Paty, você é demais, querida!!!
ExcluirVoce é muito especial Laurinha, td de maravilhoso acontece com pessoas como vc, tenho sorte em mesmo distante te ter como amiga, TE AMOOOO
ResponderExcluirAmiga, a sorte é toda minha! Obrigada por tudo, sempre. E espero a visita de vocês hen. Te amo muitão!
ExcluirParabéns pela garra e perseverança Laura, boa viaje !!
ResponderExcluirbjão
Robertinho, querido, super obrigada! Bjão
ExcluirPost comprido, mas delicioso de ler... Adorei !
ResponderExcluirBoa sorte, você é uma querida e merece tudo isso.
Super obrigada querida, também achei ele grande, geralmente sou mais objetiva, mas dessa vez foi difícil resumir...rs...que bom você por aqui. Beijão!
ExcluirPuta blog legal Lauuuu!!! Te desejo maiioorr sucesso na vida!! Você merece muito..só Deus sabe o quanto vc lutou pra chegar onde está!!! Que ELe continue te iluminando sempre e sempre!!! bjoosss e saudades!!! =D
ResponderExcluirIsinha linda, que saudade! Obrigada por tudo querida, sempre. Tbm te desejo todas as coisas boas do mundo e muito sucesso. Você tbm merece muito. Beijão
ExcluirLinda!!!! São Paulo também tem muito a te agradecer. Bjssss
ResponderExcluirMaga, queridona!! Que lindo, obrigada a você também, por tudo. Que bom que te conheci. Beijo grande
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